Especial – Dia dos Pais

Já faz um bom tempo que não há um novo texto aqui. Novos projetos, novos estudos e novos trabalhos têm tomado grande parte de meu tempo ultimamente. Mesmo assim, tenho procurado viver cada ve mais de acordo com os conceitos apreendidos na Cabalah, pois isto, de certa forma, gera uma aproximação cada vez mais presencial entre eu e o Criador.

E, como hoje é “considerado” o Dia dos Pais, decidi – com o apoio de minha esposa e companheira constante – postar aqui um texto de minha autoria escrito para os meus dois filhos: Júlia e João Pedro. Apesar de não conviver diariamente com os dois – eles vivem em outra cidade, com a mãe deles – procuro estar o mais presente o possível, nem que seja através de palavras… como as que transcrevo abaixo de um email escrito aos dois em 16/07/2015:

Júlia e João, tudo bem?

Como não conversamos constantemente por vários motivos, decidi escrever um e-mail para vocês dois, pois vocês estão crescendo, e eu envelhecendo, e gostaria de compartilhar algumas coisas que aprendi na vida nestes últimos anos. Espero que vocês aprendam suas próprias experiências ao longo de suas vidas. Além disto, estas são as coisas que eu gostaria que meus pais tivessem me dito quando eu estava na adolescência, pois teria feito muitas escolhas de forma diferente.

1. A vida é curta: o breve momento entre o nascimento e a morte não é nada em comparação com a eternidade. Eu, pelo menos, acredito que essa existência aqui no mundo físico é temporária, sendo que nossa verdadeira existência é a espiritual. Porém, isto não significa que esta existência deva ser desprezada; muito pelo contrário, cada instante desta existência deve ser vivido em toda a sua plenitude. Afinal, se estamos aqui é porque “algo” (Deus, Yaveh, Allah, Força Divina, etc) nos deu esta oportunidade. Sim, para mim, a vida é um presente e uma oportunidade que devemos aproveitar e apreciar ao máximo, afinal a qualquer instante essa mesma Força que nos presenteou pode decidir que nosso tempo aqui chegou ao fim e… puf… morreremos. Viver com a certeza que, um dia, morreremos, coloca tudo sob uma nova perspectiva que nos permite perceber que cada instante que temos aqui é um instante único na história do Universo (jamais ocorreu antes, e jamais voltará a ocorrer). Se este e-mail chegou até vocês é porque Deus permitiu que eu vivesse alguns minutos a mais para poder finalizá-lo e enviar a vocês, e tenho que ser grato a Ele por me permitir isto.

2. Busque um sentido para a vida: Se a vida é curta, por que estamos aqui? Não tenho uma resposta para vocês, mas tenho uma resposta para mim: no meu ponto de vista, estamos aqui para aprender… é como se o momento do nascimento fosse o primeiro dia de aula na escola… e o morrer fosse o último. Ao morrer, fazemos uma avaliação para saber se podemos passar para o próximo ano, ou se temos que repetir de ano. É nisto que eu acredito – no momento – e tenho estudado muito para confirmar esta minha crença. A busca, em si, do sentido da vida é, na minha opinião, uma das principais matérias que temos ao longo desta escola que chamamos vida. Mas, como saber se o que estamos estudando é o que vai ser cobrado nas provas e se estou aprendendo direito?!? Só há uma forma, que é o próximo ponto.

3. Seja Feliz! Se estamos aqui, vivos neste mundo físico, por um tempo tão curto, e se este fato de estarmos aqui é um presente que Deus nos proporciona a cada instante, será que temos algum motivo para ficarmos tristes? Eu acredito que não. Afinal, temos o presente da vida! Será que não temos que comemorar apenas pelo fato de estarmos aqui, de podermos conviver com as pessoas que nos cercam e, principalmente, de aprender com nossas experiências? Enfim, eu preciso de mais algum motivo além de estar vivo para ser feliz?!? E, respondendo à pergunta do item 2 acima: a felicidade é a bússola que Deus nos deu para que tenhamos a certeza que estamos no caminho correto; é a forma proporcionada por Deus para percebermos que estamos indo bem nas matérias da escola chamada vida.

4. Aprenda com seus “erros”: Por mais que tentemos ser felizes, nem sempre as coisas saem da forma como planejamos. Às vezes cometemos besteiras, e a vida vem com um balde de água fria para mostrar que saímos fora do caminho do aprendizado. Por isso que a felicidade é o indicador de que estamos no caminho certo. Mas… porém… entretanto… todavia… quando “erramos” temos a oportunidade de aprender e adquirir experiência, para que não levemos esse balde de água fria de novo da vida. Por isso, mesmo neste casos, é importante reconhecer o “erro”, agradecer a Deus pela oportunidade de aprender, e continuar sorrindo e feliz, pois, como eu disse no item 1, a vida é curta demais para ficarmos tristes.

5. Nada é errado: é, por incrível que pareça, eu estou dizendo a vocês que nada é errado. Por isso que no item 4, todas as vezes que eu escrevi a palavra “erro”, eu a coloquei entre aspas. Deixe-me explicar: se tudo o que eu faço gera uma possibilidade de aprender e adquirir experiência, como é que isto pode ser errado?!? Deus nunca vai me “punir” por causa de um “erro” meu – mesmo que eu não aprenda com aquele “erro”! Aliás, se eu não aprendi desta vez, significa que, ou eu vou ter que aprender mais tarde (e às vezes vai ser de uma forma mais dura), ou eu vou ter que “repetir de ano” até aprender. “Errar” faz parte da vida, pois aqui é uma escola. É impossível tirar 10 em todas as matérias (né, Júlia e João?), principalmente porque não são apenas as matérias que são cobradas nas provas – o que é cobrado é o seu entendimento e aplicabilidade das matérias no dia a dia. Aí agora já estou imaginando vocês dois me perguntando: “Pai, se nada é errado, posso fazer qualquer coisa?” A resposta é simples e clara: SIM, desde que você tenha em mente o próximo item!

6. Fez, paga a conta! Existe na Natureza uma lei chamada Lei de Ação e Reação! Tudo, absolutamente tudo, o que você faz gera um efeito de mesma intensidade e sentido contrário. Assim, é de se esperar que Deus tenha nos brindado com esta Lei, também. Se fizermos algo “errado”, vamos passar por alguma experiência, mais cedo ou mais tarde, que nos dará a oportunidade de aprendermos que não devemos mais fazer aquilo. E sabem o que é mais bonito nisso? É que essa reação não vem de fora: não é um policial, um colega de turma, uma professora, ou seu avô, que vai te pegar no flagra e te punir (apesar que isso pode acontecer); o mais impressionante é que a sua própria consciência vai te lembrar, a cada instante, daquela besteira que você fez. Você mentiu? Isto significa que a sua consciência vai ficar te lembrando, a cada segundo, que você tem que tomar cuidado com o que fala para não descobrirem sua mentira (e a sua própria consciência vai tentar fazer você pagar por isso, fazendo com que você se esqueça dos detalhes da mentira, e conte uma estória diferente… e lá vem o balde de água fria). Você roubou? Sua consciência vai fazer você se lembrar que aquilo que está na sua frente não é seu, e vai fazer com que você se sinta culpado por ter tirado de outra pessoa o que Deus não colocou na sua vida. Enfim: fez algo “errado”? Com certeza você vai pagar a conta! Se não for nessa vida, em uma próxima!

8. Afaste-se de situações negativas, mas não deixe de aprender com elas: Essa é simples: se temos que ser felizes, para que vou entrar em uma situação negativa? Isto não vai me trazer felicidade, e provavelmente vou ter que pagar a conta por isso. Pessoas, situações ou fatos negativos devem ser evitados a todo custo, mas devemos estar atentos para aprender o que for possível com estas situações. Lembrem-se sempre do item 3! Se tem alguém na sua escola, por exemplo, que não faz bem para você, afaste-se dessa pessoa, e seja feliz!

9. Coloque a sua felicidade em primeiro lugar: pode parecer que isso é feio, ou que é egoísta, mas no fundo, não é. Nós todos estamos aqui para aprender nesta escola chamada vida, certo? E a forma de sabemos que estamos aprendendo é analisando se estamos felizes, certo? Só que eu não tenho como fazer você, João, ou você, Júlia, felizes. Eu não tenho como fazer com que cada um de vocês aprenda o que vocês precisam aprender da vida, sabem por que? Porque cada um de nós é diferente… Eu preciso aprender algumas matérias para chegar ao fim do ano (morte) e avaliar se vou ser aprovado ou não. Da mesma forma, vocês têm que aprender algumas matérias para esta mesma avaliação. Só que estamos em turmas diferentes, com matérias diferentes, em anos diferentes. O que me faz feliz pode fazer o João triste, e o que faz a Júlia feliz pode me deixar triste, pois cada um de nós é uma pessoa diferente, com experiências diferentes. Por isso, é muito importante que vocês se dediquem ao máximo às lições que vocês têm que aprender. Ninguém vai passar de ano por vocês, assim como ninguém vai passar de ano por mim. Por isso que essa busca pela felicidade é individual, e deve ser a prioridade número um de suas vidas, assim como é da minha. Claro que vocês têm que se lembrar do item 6 acima quando forem decidir o que fazer, mas fora isso, busquem sempre a sua felicidade. Se for possível deixar outras pessoas felizes, ótimo, mas não se preocupem com isto.

10. Agradeçam a Deus: agradeçam a Deus a cada segundo! Agradeçam a Deus a cada inspiração e expiração. Afinal, Ele está permitindo que vocês permaneçam vivos para poderem continuar aprendendo nesta escola chamada vida. Ao acordarem, agradeçam a Deus; ao dormirem, agradeçam a Deus. A cada instante, único na história do Universo, agradeçam a Deus.

11. Valorizem a vida: A vida é um presente de Deus, e por ela temos que agradecer a cada instante, como eu disse no item 10, certo? Se é um presente, o presente mais valioso que podemos receber, não devemos, jamais, desvalorizar a vida! Devemos tratá-la como a coisa mais sagrada que existe, e nunca, jamais, sob nenhuma hipótese, devemos sequer pensar em finalizá-la antes do tempo! Deus sabe a hora certa para cada coisa, e se Ele nos permite viver um segundo a mais, é porque aquele segundo a mais é fundamental para o nosso aprendizado nesta escola chamada vida.

12. Não sigam o que eu disse/escrevi: rsrsrs… Depois que eu escrevo tudo isto, eu finalizo dizendo para ignorar tudo?!? Como assim? Será que estou ficando louco? Não… muito pelo contrário! Senão, vamos ver. No item 1, eu coloquei uma verdade: a vida é curta. Porém, como eu mesmo disse, eu acredito que esta não é a nossa única vida. Vocês não são obrigados a acreditar no que eu disse! Se vocês quiserem acreditar, tudo bem… se não quiserem, tudo bem também. Como eu disse no item 9, cada um tem as matérias que tem que curar na escola chamada vida. Talvez eu já tenha aprendido mais coisas que vocês; talvez vocês tenham aprendido mais que eu. Por isso, eu não posso querer dizer a vocês no que vocês têm que acreditar. Eu estou, como pai atual de vocês, dizendo no que eu acredito, para que vocês possam avaliar a minha experiência e decidirem se irão seguir algo semelhante ou não. Por isso a importância do item 2! Vocês têm que buscar o caminho de vocês! Se eu estiver neste caminho, contem comigo sempre! Se eu não estiver, prometo que vocês não precisam se preocupar comigo em relação ao item 8! 🙂

Antes de finalizar este e-mail, tem mais um item, o mais importante de todos, o mais fundamental: o item 7! Este não está escrito aqui, pois é de vocês! Vocês é que o escreverão! É individual, pessoal e intransferível! Eu gosto de dizer que o item 7 é a própria vida, que está no meio de tudo isto que escrevi.

João e Júlia, Júlia e João: vivam as suas vidas buscando a felicidade, sempre, e contem comigo, pelo menos enquanto eu estiver por aqui! E se algum dia quiserem conversar sobre o que escrevi aqui, contem comigo (por email, telefone ou pessoalmente)!

Um abraço do seu pai.