The Big Bang Theory – Parte 1

No artigo anterior, começamos a navegar pela Árvore da Vida, chegando a Keter, a primeira das sefirot. Simbolizando o princípio dos princípios, é através de Keter que a Criação se manifesta, partindo do Nada rumo à algo. Em Keter, ainda não há algo palpável, apenas o desejo de vir a ser, que contém o todo, mas que continua sendo o nada.

Para se traçar um paralelo que torne mais fácil a compreensão do que será descrito neste artigo, é importante ressaltar uma característica da Cabalah, descrita por todos aqueles que estudam este tema com o devido respeito: a Cabalah é eterna, isto é, descreve o mundo de uma forma independente do tempo e espaço. Assim, algo que os cientistas venham a “descobrir” hoje já era citado – de forma alegórica ou subliminar – há milhares de anos atrás. E um exemplo que ilustra bem esta característica da Cabalah só tem sido cogitada pelos cientistas no último século: a explosão primordial, que deu início todo o Universo: o Big Bang.

De acordo com os cientistas, antes da criação do nosso Universo, não é possível compreender o que existia; daremos a este momento específico o nome de Nada. Este Nada explodiu – perdoem-me a linguagem pobre para descrever os fatos – se expandindo rapidamente. Os modelos matemáticos dos cientistas só conseguem avaliar o que ocorreu após um período de tempo infinitamente curto após a explosão, aproximadamente 10-37 segundos (imagine o dígito 1 na trigésima sétima casa decimal após a vírgula). Alguns cientistas até dizem que antes deste intervalo de tempo, D’us estava no comando, e não seria possível prever o que ocorreu neste intervalo.

O Universo como o conhecemos só passou a existir à partir deste infinitesimal momento: 10-37 segundos! O que aconteceu antes disto não é possível saber. Talvez, com toda a evolução científica e tecnológica, as mentes brilhantes possam descrever, matematicamente, o que ocorreu antes disto com maior precisão: 10-38 segundos, 10-40 segundos, 10-81 segundos… Mas o zero absoluto jamais poderá ser descrito em termos científicos!

Mas a Cabalah, uma tradição existente há milhares de anos, pode!

No princípio (bereshit), o que havia era apenas a Vontade de D’us, Vontade esta representada por Keter, sefirah sobre a qual comentamos no artigo anterior. Entender esta Vontade é algo que está além de nossa capacidade de compreensão.

Esta Vontade, emanada pelo Criador, se expandiu infinitamente para um ponto menor do que a menor de todas as partículas existentes, contendo toda a história de todos os Universos possíveis. Neste momento, D’us se manifestou na Criação, se fazendo presente em tudo. Este ponto, repositório infinito de toda a magnitude da Criação, é a segunda sefirah da Árvore da Vida: Hokmah ou Chokmah (חכמה), que significa Sabedoria.

Tente imaginar toda a Sabedoria do Criador e da Criação expandidos infinitamente em um ponto singular. Isto é Hokmah!

Ainda no exemplo do Big Bang, Hokmah contém tudo o que se pode saber sobre toda a Criação. Porém, não representa, ainda, a Criação tal qual a conhecemos, ou tal qual os cientistas conseguem expressar com suas fórmulas matemáticas e nomes estranhos tais como quarks, glúons e múons. Não! Hokmah é a representação de toda a Sabedoria de D’us! Há segredos ali que o homem jamais conseguirá desvendar! Há segredos ali que o ser humano jamais irá sequer alcançar, pois seria o mesmo que entender D’us. E, mais do que isto, há segredos ali que versam sobre todas as infinitas possibilidades que poderiam ter se desenvolvido, gerando universos totalmente diferentes do que conhecemos.

Para que cada um de vocês possa exercitar um pouco a mente, será que poderíamos dizer que Hokmah é a prova definitiva de que D’us é onisciente, onipotente e onipresente?

Vamos fazer uma pausa para pensar sobre esta pergunta, e então prosseguiremos resumindo o que foi visto até o momento, sem esquecer que as palavras existentes são insuficientes para traduzir este conhecimento.

Prontos para continuar? Então vamos lá!

D’us, em algum “momento” além da Criação, decidiu criar todo o Universo. Assim, como um raio, ele emanou a sua Vontade através daqueles três véus que separam a Criação do Criador: Ayin (Nada), Ayin Sof (Infinito) e Ayin Sof Or (Luz Infinita). A Sua Vontade então encontra lugar em Keter, a primeira das sefirot, e se expande infinitamente dentro de um ponto ínfimo, acumulando neste ponto toda a Sabedoria divina, que se torna Hokmah. Porém, Hokmah, completamente expandido, contém a história e configuração de todos os possíveis Universos. É necessário, então, contrair o conteúdo de Hokmah, extraindo da Sabedoria o Conhecimento necessário que irá resultar, por fim, no Universo tal qual o conhecemos.

No próximo artigo, veremos como isto ocorreu.