O Poder da Música

Pense na música que você mais gosta. Pense agora. Não se preocupe com qual música seja, apenas pense, já que estou pensando na minha neste momento. OK, como você se sentiu? Tenho a certeza que você deve ter se sentido bem, ao lembrar do ritmo, do volume, das frequências, do conjunto que, de alguma forma, está ligado a você.

Este é o poder da música.

Para não ser bairrista, não vou considerar as músicas com letras, apenas as instrumentais. Aliás, esta é uma das características para se saber se um grupo musical é bom: se o grupo é capaz de fazer músicas instrumentais, sem letras, e ainda assim, a música te toca de alguma forma, é por que o grupo é bom. É por isso que não considero os grupos brasileiros como sendo grupos musicais: tente imaginar um pagode, sertanejo, axé ou até mesmo MPB, sem uma letra, sem alguém cantando. Conseguiu?

Por outro lado, quando alguém se expressa musicalmente através apenas dos instrumentos, suas semínimas e colcheias, suas variações de tempo, e ainda assim consegue passar uma mensagem, um estado de espírito, realmente atingiu um objetivo fantástico. Quem não se impressiona com a jovialidade do movimento Primavera, das Quatro Estações de Vivaldi, ou sente uma certa melancolia ao escutar Für Elise, do Beethoven? Ou – pensando numa música mais clássica, mas com vocais – quem não se sente arrebatado e intimidado pelo início de Carmina Burana, do Carl Orff?

Por isso, quero sugerir um exercício a você: pegue aquela música que você pensou no começo deste artigo. Escute-a, mas escute-a sem considerar o conjunto: pense em cada um dos instrumentos, separadamente. Imagine-os como sendo o conjunto da obra. Talvez você se surpreenda negativamente, ao perceber que, na maioria das músicas atualmente, os instrumentos não são tocados por seres humanos. Mas, se você tiver um ouvido bom, e a música for realmente boa, talvez você perceba quanta vida há em cada nota. Ao sentir a música como um conjunto de sinfonias, onde cada instrumento é completo em si mesmo, e ao mesmo tempo faz parte do todo, aí, e só aí, é possível entender o poder da música.

Como um último exercício, escute as seguintes músicas (instrumentais) para se deliciar com novas emoções (procure no Youtube):

  • Liebesleid e Liebesfreud (Kreisler)
  • Hope e Leave That Thing Alone! (Rush)
  • The Devil’s Trill (Tartini)
  • Rites Of Passage (Yanni)
  • Battle Without Honor Or Humanity (Tomoyasu Hotei)

Espero que gostem!