Um Novo Mundo, ou Um Novo Homem?

Depois de quase quatro anos desde meu último texto aqui, que repercutiu pessoalmente entre as pessoas mais próximas de mim, mas principalmente dentro de mim mesmo, acho que finalmente chegou a hora de escrever um novo artigo, desta vez bem mais leve do que o anterior mas que de alguma forma acaba complementando uma visão que tenho de mim mesmo perante o mundo – e que mundo é este, não é?

Mudanças vêm o tempo todo, novas revelações são trazidas à tona para nossas consciências quando estamos prontos, e mesmo que uma pandemia faça com que todos percamos um pouco – ou muito – o aspecto da socialização e depois tenhamos que nos readaptar e ressocializar, ainda somos seres humanos. Evoluir de forma a deixar para trás o que nos puxa para baixo e olhar para o futuro com brilho nos olhos é, na minha opinião, algo que todos devemos almejar. É um equilíbrio constante entre o que fomos e o que gostaríamos de ser, mas não conseguimos – pelo menos por enquanto.

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Vapor Trail – Parte 2

Se você ainda não leu a Parte 1, páre e leia.

Atmospheric phases make the transitory last
Vaporize the memories that freeze the fading past

Essa decisão, em verdade, não foi tomada de forma indiscriminada ou leviana. Pelo contrário, era algo que vinha num crescendo desde, justamente, alguns meses antes do lançamento de Vapor Trails. A mistura de dificuldades financeiras, a troca de um emprego por outro com um futuro mais promissor mas com um salário três vezes menor e, principalmente, uma infelicidade crônica por causa de um casamento que, em retrospecto, talvez não devesse ter ocorrido, foram os principais fatores que eu, um jovem inexperiente de 28 anos de idade à época, não estava sabendo lidar.

Eu sabia, dentro de mim, que as questões profissional e financeira poderiam ser resolvidas a médio ou longo prazo, mas que não havia – pelo menos não parecia haver – uma solução para o casamento. Não vou entrar em detalhes, mas basta dizer que eu era muito inexperiente para lidar com algo que eu não queria, e que meus filhos jamais foram a causa desta situação.

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Vapor Trail – Parte 1

Stratospheric traces of our transitory flight
Trails of condensation held in narrow bands of white

A música tem acompanhado a história da humanidade desde tempos imemoriais. Um pequeno pedaço de madeira batendo num tronco ou pedra pode ter acompanhado nossos ancestrais em uma noite escura, ou usado como incentivo para afastar inimigos. Com o tempo e evolução da humanidade, os intrumentos musicais começaram a surgir, grosseiros a princípio, e mais refinados posteriormente, o que permitiu à Humanidade migrar do fundamento do ritmo para o fundamento da melodia e da harmonia. A música é a trilha sonora da história da Humanidade e, como tal, mexe com a emoção de todos nós.

Tanto isso é verdade que, se você ouvir uma determinada música na rádio – ou no Spotify – que há muito tempo você não ouvia e esta música de alguma forma marcou algum acontecimento no vôo transitório que é a sua vida, aquele determinado momento volta à sua memória, muitas vezes com as emoções da época. Pode ter sido a música que tocava quando você deu o seu primeiro beijo, outra música que tocava durante sua primeira viagem de avião, ou quando recebeu a notícia do falecimento de um amigo ou familiar. Pode até ser algo “besta”: toda vez que escuto Red Sector A, do Rush, me lembro de um dia em específico em que estava a caminho da faculdade num ônibus vazio – as aulas do dia haviam sido canceladas e eu não estava sabendo.

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O Espírito do Rádio

O fim da década de 1970 e início da década de 1980 foi bastante prolífico, com a popularização em escala inimaginável das rádios e outros meios de difusão musical. Olhando para o rock’n’roll, temos alguns exemplos muito claros como Rock and Roll Radio e We Want the Airwaves da banda The Ramones, Radio Ga-Ga da banda Queen, FM do Steely Dan, On The Radio da Donna Summer, Capital Radio da banda britânica The Clash, entre muitas outras. A maioria destas músicas são atemporais, ou seja, continuam ressoando até os dias atuais. Enquanto algumas passam a mensagem que as rádios mudaram, se tornando mais comerciais, outras emulam uma ou outra estação de rádio.

Mas, na opinião deste autor, nenhuma traduziu tudo isso e muito mais em uma verdadeira experiência radialista do que a música The Spirit Of Radio, da banda Rush, cujo álbum – Permanent Waves – teve um relançamento comemorativo de 40 anos. Abaixo o vídeo oficial do clip da música:

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We Hold On

Atropelado. Não há palavra que melhor descreva meus sentimentos nestas últimas cinco semanas desde que a notícia do falecimento do baterista do Rush, Neil Peart, foi divulgada. E, com a segurança de quem conhece a lealdade dos fãs da banda canadense, afirmo que o sentimento de luto está presente e provavelmente ficará presente para sempre nos corações daqueles que foram tocados pelas letras maravilhosas, pelos arranjos intricados atrás das baquetas mas, principalmente, pela humanidade não apenas do Neil, mas também do Geddy e do Alex.

Lendo comentários no Twitter ou no Reddit – além dos grupos de Whatsapp, a dor permanece. Legiões de fãs – anônimos ou famosos – prestam homenagens pelo conjunto da obra. Até mesmo as piadas que sempre surgem após uma morte ou desastre são incrivelmente de bom gosto, demonstrando o respeito e admiração de todos pela genialidade daquele que é considerado “o baterista favorito do seu baterista favorito”. Por exemplo:

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The Bell Tolls For Thee

Suddenly you were gone
From all the lives
You left your mark upon

Hoje é um dia extremamente triste para mim e para a maioria dos fãs de Rush. Estão sendo divulgadas diversas notícias – confirmadas por vários meios – que Neil Elwood Peart faleceu dia 07/01/2020 após lutar contra um câncer de cérebro por três anos.

Antes de prosseguir, estava planejando voltar a escrever no blog desde o fim do ano, com a migração de meus antigos blogs para cá. O que eu não esperava é que seria sob luto e tristeza.

O primeiro pensamento que veio à minha mente foi: “deve ser fake”. Este pensamento foi varrido ao consultar freneticamente o Twitter, Instagram, Reddit e outras redes sociais para constatar o fato: Neil Elwood Peart, provavelmente o melhor baterista que este mundo já teve a honra de hospedar – e provavelmente nunca haverá outro que chegue perto de sua proficiência atrás das baquetas – realmente faleceu.

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Rush: Meu Porto Seguro

A splendid mirage in this desolation…

Muitos de meus amigos, e até mesmo familiares, não entendem o motivo pelo qual sou completamente vidrado pela banda canadense Rush. E não será em um post em um blog que conseguirei expor o que duas décadas de vivências e experiências com Alex “Lerxst” Lifeson, Geddy “Dirk” Lee e Neil “The Professor” Peart proporcionaram. Mas, devido ao lançamento iminente de mais um CD, chamado Clockwork Angels (que já ouvi!), de uma das bandas de maior sucesso (e, ouso afirmar, com a maior base de fãs) no mundo, nada melhor do que comemorar com um pequeno texto.

Hoje em dia, vivemos em um mundo em que a velocidade das coisas em geral é muito alta. Os bebês usam iPads, meninas de 10 anos saem para namorar, “sucessos” (?!?) musicais surgem e desaparecem mais rápido do que um piscar de olhos, e a fama é algo muito volátil. Ao mesmo tempo, conceitos como a família, amizade, honra, dedicação são muitas vezes deixados de lado em benefício (ou malefício) do lucro, às vezes inescrupuloso. Corrupção, tramas políticas, crises econômicas, crises ambientais, tudo isso tem se tornado uma constante em nossa sociedade atualmente.

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O Medo Dentro de Nós

Hoje, estava escutando a música The Enemy Within, do Rush (que novidade!), e me lembrei que ela faz parte de uma Trilogia de quatro músicas (!?): Witch Hunt, do disco Moving PicturesThe Weapon, do álbum Signals; a própria The Enemy Within, do disco Grace Under Pressure; e, finalmente, Freeze, do disco Vapor Trails (preciso que vocês me cobrem mais para que eu escreva sobre esta música!).

Lembro-me de ter lido em algum lugar que Neil Peart, baterista e letrista do Rush, comentou sobre esta trilogia: que alguém certa vez disse a ele que o que move a Humanidade não é poder, não é dinheiro, não é a busca da felicidade, mas sim, o medo. E, ao analisar as pessoas à volta dele, ele começou a perceber que havia um fundo de razão nesta afirmação. Assim, ele decidiu escrever três músicas: como o medo trabalha dentro de nós (The Enemy Within), como o medo pode e é usado contra nós mesmo (The Weapon) e como o medo atua quando presente emuma multidão (Witch Hunt). Mais ou menos 20 anos depois, ele escreveu a quarta parte, Freeze, que fala sobre o momento de decisão, o momento em que decidimos fugir ou lutar.

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Beneficência

Hoje de manhã, estava me dirigindo ao trabalho, e no som do carro estava tocando uma música – adivinhem – do Rush: Territories, do álbum Power Windows. Talvez por fazer um tempo já que não escutava esta música, procurei prestar mais atenção à letra. E, de repente, um tapa na cara:

Don’t feed the people,
But we feed the machines

Isto foi escrito em 1985, em um país de primeiro mundo – Canadá -, porém, é uma situação mais atual do que nunca. Vamos dividir a frase acima em duas partes, para analisar melhor este conteúdo.

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O Poder da Música

Pense na música que você mais gosta. Pense agora. Não se preocupe com qual música seja, apenas pense, já que estou pensando na minha neste momento. OK, como você se sentiu? Tenho a certeza que você deve ter se sentido bem, ao lembrar do ritmo, do volume, das frequências, do conjunto que, de alguma forma, está ligado a você.

Este é o poder da música.

Para não ser bairrista, não vou considerar as músicas com letras, apenas as instrumentais. Aliás, esta é uma das características para se saber se um grupo musical é bom: se o grupo é capaz de fazer músicas instrumentais, sem letras, e ainda assim, a música te toca de alguma forma, é por que o grupo é bom. É por isso que não considero os grupos brasileiros como sendo grupos musicais: tente imaginar um pagode, sertanejo, axé ou até mesmo MPB, sem uma letra, sem alguém cantando. Conseguiu?

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